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Seletividade alimentar: além do Autismo

Atualizado: 31 de out. de 2024

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo na incidência de crianças e adolescentes que demonstram padrões restritos de alimentação, rejeitando uma ampla variedade de alimentos. Esse comportamento, comumente chamado de seletividade alimentar, muitas vezes, vai além das preferências típicas da infância e pode ter consequências profundas para a saúde e o bem-estar tanto dos indivíduos afetados quanto de suas famílias, despertando crescente preocupação entre mães e pais em todo o mundo.


A seletividade alimentar pode ser caracterizada como um transtorno alimentar do tipo restritivo evitativo, condição frequentemente associada a distúrbios do espectro autista (TEA). No entanto, trata-se de fenômeno complexo que transcende as fronteiras do autismo.


Muitos outros fatores como ansiedade e estresse, experiências traumáticas relacionadas à alimentação, estímulos ambientais, irregularidades na rotina, transtornos gastrointestinais e sensibilidades sensoriais não associadas ao TEA podem desempenhar um papel significativo nesse comportamento desafiador.

mãe e filha na cozinha

Emoções estão profundamente ligadas à alimentação, seja na associação afetiva a alguma preparação culinária específica ou uma vivência ruim durante o consumo de determinado alimento, favorecendo preferências ou sendo um fator limitante nas escolhas alimentares. Indivíduos que associam a comida a experiências negativas podem desenvolver aversões alimentares como mecanismo de defesa psicológica. Por outro lado, situações estressantes ou que causam ansiedade podem desencadear a busca por alimentos que trazem conforto afetivo com frequência.


Problemas gastrointestinais, como refluxo ácido, constipação crônica ou síndrome do intestino irritável, podem causar desconforto durante ou após as refeições, levando a criança ou adolescente a evitar certos alimentos com o objetivo de prevenir a recorrência dos sintomas.


Alimentos industrializados ricos em açúcar, gordura e/ou sódio, com presença de aditivos como conservantes e corantes artificiais, são denominados ultraprocessados. Tais alimentos são muito palatáveis e amplamente divulgados em ações de marketing desenvolvidas de forma a cativar a atenção dos pequenos, e também, de nós adultos. Esse e outros estímulos constantemente presentes em nosso dia a dia afetam negativamente as escolhas alimentares.


Você sabia que Seletividade Alimentar

Pode estar relacionada a inadequações nas rotinas da criança relacionadas ao sono, despertar, atividades escolares e extracurriculares, bem como irregulares na rotina da família, que podem também influenciar o horário e a composição das refeições?


O preparo dos alimentos é uma tarefa que demanda tempo e planejamento. Em uma rotina desorganizada pode ser necessário recorrer a alimentos de rápido preparo ou prontos para consumo, geralmente pouco nutritivos e muito palatáveis (olha os ultraprocessados aqui de novo), contribuindo para a construção de hábitos alimentares com preferência para este tipo de alimento.


Além disso, crianças e adolescentes típicos também podem vivenciar maior sensibilidade a diferentes cores, texturas, aromas, sabores ou a novos alimentos, a chamada neofobia, seja por reduzido estímulo sensorial, por fatores genéticos ou desconhecidos.

Diante da complexidade da seletividade alimentar, a abordagem mais eficaz geralmente envolve uma equipe multidisciplinar, trabalhando em conjunto para entender e tratar as causas subjacentes desse comportamento desafiador.

A família também desempenha um papel importante no tratamento da seletividade. Pequenas ações diárias podem ser adotadas para estimular as crianças e adolescentes a ampliarem o repertório alimentar.


Filha e mãe à mesa

Comece pelo exemplo, consuma você os alimentos que você quer que o seu filho experimente. Tente reduzir a oferta e a disponibilidade de ultraprocessados em casa. Planeje as refeições com antecedência, dedique um tempo para cozinhar e variar a forma de preparo dos alimentos, seja adicionando um tempero natural diferente ou assando um alimento que habitualmente você consome cozido.


E por que não convidar as crianças para participar das invenções culinárias? Deixe que peguem nos alimentos, sintam sua textura, aroma, observem a cor e o formato, como uma brincadeira divertida, criando assim um contexto que desperte sua curiosidade sobre aquele alimento. 


Oferecer estímulos a diferentes texturas utilizando outros objetos como massinha de modelar, areia e “slime”, por exemplo, podem contribuir para redução da sensibilidade que algumas crianças apresentam ao toque, e com isso, a alimentos com essas texturas.


A seletividade alimentar pode ser apenas a ponta do iceberg de um comportamento que abrange outros aspectos que vão além da alimentação, podendo ou não estar associado ao Transtorno do Espectro Autista. 


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Eu sou Tamiris Barros

Nutricionista graduada em Nutrição e Metabolismo pela Universidade de São Paulo. Mestre e Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade de São Paulo. Atuo em Nutrição Clínica Pediátrica, Doenças Crônicas e Gestação.

📍Atendimento online e presencial - Campinas-SP.



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